quarta-feira, 1 de agosto de 2012

OR-GAS-MO!


Era terceira série. A professora da turma deu algumas revistas e jornais velhos para os alunos e pediu para que escolhessem uma palavra que não conheciam, procurá-la no dicionário e apresentar à turma toda.

A menina de dez anos folheava uma revista e se deparou com aquela palavra. OR-GAS-MO. Orgasmo. Ao mostrar a palavra desconhecida à professora, recebeu um “não, Mariana. Essa não”.
Sem saber por que aquela palavra de sete letras e visualmente interessante, pois começa e acaba com a mesma letra - orgasmo - procurou no mini dicionário da sala. Nada demais.

Ora, qual o grande mimimi com o orgasmo? O que é bom tem é que ser compartilhado, não é mesmo? E se você achar alguém que diz que gozar é ruim, meu bem, me apresenta que só acredito vendo.

Na língua dos sexólogos “o orgasmo é a resposta do organismo a um estímulo sexual adequado. É um fenômeno que se inicia no cérebro e repercute em todo o corpo. A principal manifestação física do orgasmo são contrações rítmicas na musculatura da pelve, que podem durar de 2 a 30 segundos ou mais, seguidas por uma sensação de bem-estar e relaxamento. Além disso, a musculatura de outras partes do corpo também pode se contrair, o coração acelera e a transpiração aumenta”.

Agora, vamos falar especificamente do mito: O orgasmo feminino. Será que a professora de Mariana sequer sabia o real significado do OR-GAS-MO?

É um fato que muitas mulheres tardaram para ter seu primeiro orgasmo, ou, nunca tiveram um e entram nessa contagem as que têm dúvidas se já tiveram ou não - Sério, não há como ter dúvidas. Simone, que é Simone (de Beauvoir), nossa querida pioneira libertária do sexo, admitiu que gozou pela primeira vez aos 39 anos com seu “amante”, o escritor americano Nelson Algren. É, meus caros e minhas caras, Sartre não teve a competência.

Nos dias de hoje é só folhear uma revista mulherzinha para encontrar mil e uma versões diferentes de “guias para o orgasmo feminino”. Doce ilusão. Guias talvez sirvam pra dar um norte, mas não há receita, na hora mesmo é puro sentir, é instinto, pele, toque, dedos, boca, coxa, mão, cabelo, pescoço (ad infinitum). E, quando se alcança, seja sussurrado ou em alto e bom som, orgasmo é interjeição. É entorpecência.

Por isso convidamos você leitora, a gozar. E convidamos você leitor (ou leitora), a fazer gozar. Uma, duas, três... múltiplas vezes.



Goze sozinha
Masturbe-se
Aproveite-se
Goze acompanhada
Deleite-se
Contorça-se de prazer


Goze, mas só por você, mais ninguém. Afinal, gozar não é obrigação, é sintonia. É a energia do momento. É um presentinho da natureza para aqueles que encontram o pacote. Por isso, explore-se, busque e conquiste. Conquiste o prazer do orgasmo. Por um orgasmo livre, um orgasmo pleno, um orgasmo seu. Ou apenas ORGASMO. Afinal, a recompensa vale o esforço, não?

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto. Muito bom. Só uma ressalva quanto ao termo "mulherzinha". Mais um termo forjado pelos homens com a clara intenção de discriminar --ai meu Deus--,as mulheres! E foram felizes pois já contam com a conivência das próprias. Inacreditável! Pelo visto, já se faz presente no universo feminino, uma nova divisão: mulheres e mulherzinhas. (aff) E eles continuam unidos, seguros em seus reinados. Resta saber como as novas gerações de mulheres (que hoje são bebês) tratarão futuramente esses senões. Bjs

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