segunda-feira, 12 de março de 2012

Lugar de mulher é ... no poder!

Há quem me diga que o machismo acabou, que a misoginia é neurose de mulher chata. Ao longo da semana que hospedou o Dia Internacional da Mulher de 2012, várias propagandas e homenagens; algumas bem comoventes sobre as conquistas históricas femininas. De fato estamos melhor do que estavam nossas bisavós. Mas ainda não é suficiente.
Viviane Rios Balbino, no livro “Diplomata, substantivo comum de dois gêneros” levanta a importante questão da representatividade feminina:

“A rigor, o gênero feminino não poderia estar enquadrado ao lado das minorias, pois, no Brasil, corresponde a 51,03% da população, segundo dados do IBGE (Censo 2010), e a 51,82% do eleitorado brasileiro, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral de julho de2010. Não obstante, observa-se que as mulheres encontram-se sistematicamente sub-representadas nas esferas de poder, o que justifica sua alocação sob tal rótulo”. (BALBINO, 2011)

Então eu afirmo: lugar de mulher é no poder! Pelo menos representando de forma coerente os próprios números. Ser minoria sociológica é até mais publicitário, entretanto, já passou da hora de as mulheres tomarem para si as posições de destaque e controle, os cargos de importância social; e o mais importante, sem peso na consciência.

O machismo e a misoginia existem, o tempo inteiro. Nascer mulher é complicado, crescer mulher é uma batalha e ter sucesso como mulher é um martírio, poucas conseguem conciliar carreira X “obrigações femininas”. É, porque nós, além de ser competentes, precisamos ser bonitas, bem-humoradas, carinhosas e disponíveis. A mulher bem sucedida profissionalmente virou quase um terceiro sexo, casada com o próprio emprego, rotulada de rígida, estressada e outras coisas mais feias que não vale comentar.

Quero aqui reclamar e agradecer. Reclamar para as mocinhas que me lembram a amiguinha da Mafalda, querem casar e ter filhos muito belos, viver um conto de fadas do século XXI. Muito bem, eu também quero filhinhos lindos e quem sabe um marido gente boa, mas queridas, nós devemos mais às gerações passadas. Nós devemos mais às mulheres que são violentadas diariamente, às meninas que não acreditam no futuro. Devemos ao DNA mitocondrial de nossas origens mátrias, muito mais que repetir a história.

Não sou contra casar e ser feliz, longe disso, eu sou contra podar-se a vida inteira para caber num padrão. Quantas vezes você não agiu assim ou assado porque “é como as mulheres são”? Ou deixou de fazer algo pra agradar o pai, o namorado, o irmão. Ou ainda, não falou um palavrão, usou um shorts ou cortou o cabelo, tudo porque “não é o tipo de garota que faz isso”. Eu te pergunto, que tipo de garota é você?


E agradeço às garotas que não são de tipo nenhum, que me ensinaram a ser mulher. As que eu li nos tantos livros, as que eu vi ir trabalhar todos os dias e voltar com um presente, as que cuidaram de mim na escola, as que estão nos livros de história e as que são invisíveis. Obrigada, seus úteros em fúria me ensinaram a não temer.

Só me cabe repetir, a mulher precisa representar-se, tomar das mãos masculinas o controle e ensinar a eles como dividir a banca e os lucros. Lugar de mulher é no poder, é onde ela quiser e souber chegar.

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