Luísa é aquela amiga da fofoca
intelectual, dos papos futurísticos sobre arte, da identificação. Em pouco
tempo nossas almas se reconheceram. Erradas, sem encaixe, destoantes e
desconexas, literalmente tigelas.
A história de panelas e tigelas
começou numa das infindáveis conversas de “mulherzinha”, devíamos estar
reclamando de como o mercado amoroso estava em queda, provavelmente. Num
insight divino percebemos a causa e solução de todos os problemas, elaboramos a
teoria das tampas.
Assim como esquerda e direita,
claro e escuro, Flamengo e Vasco e todas as figuras opostas que existem, há as
panelas e tigelas. Panelas são as mulheres com tampa, as moças que facilmente
despertam interesse, rapidamente se envolvem, em pouco tempo são pedidas em
namoro e que casarão, com certeza. Essas criaturas abençoadas podem escolher
qual tampa lhe serve melhor e vivem a cozinhar o amor em fogo brando. Elas
estão espalhadas por aí, concorridas e cheias de alegria. Você deve conhecer
uma.
Já a mulher tigela não tem tampa,
mas com o tempo aprende a preencher-se até o topo. De vez em quando um papel
filme ou celofane aparece e a fecha, mas não é o encaixe perfeito. Para as
tigelas não há perfeição. São as mulheres inatingíveis, amedrontadoras ou antipáticas e cheias de
frescurite. Essas se metem em confusão sempre que o cupido aparece,
provavelmente ele é vesgo e destrambelhado.
Mas não se engane, as panelas e
tigelas podem ser igualmente felizes; a diferença é que as tigelas terão mais
trabalho. Basta transformar seus “defeitos” adoráveis em identidade e o mais
importante, aceitar-se tigela com orgulho. A questão é cuidar de nossas bordas
com carinho, sem tentar mudar sua forma para parecer uma panela. E ensinar às
panelas e tigelas mais novas que a beleza é existir, de qualquer modo, sem
restrição.
A propósito, hoje é aniversário
de Luísa, a tigela mais graciosa que pude conhecer, malemolente e cálida, que
tem os olhos da América Latina.
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