sexta-feira, 14 de junho de 2013

"Não" à amputação da dignidade

Nesse 13 de junho, começo a sentir um pesar sorridente. Uma vontade de pular da janela desse mundo que anda por caminhos tão tortos que dão ânsia de vômito. Uma alegria ao ver a vontade dos passageiros de tirar-lhe as rodas; ao ouvir os gritos de “não” ao enjôo controlado; ao desejo geral de se encontrar uma direção que ao invés de náusea traga regozijo, satisfação.

Falo das manifestações que se alastraram por grandes cidades do meu país. Falo de um 13 de junho significativo pela vontade nacional de fazer mudar. Uma quinta-feira comum em que, em jorros, dissemos “não” à situação de atrocidade. “Não” a medidas controlativas que apenas nos dopam e tentam abafar que tudo a nossa volta roda e nada além do vômito faz sentido. “Não” ao autoritarismo que se esconde por trás de nomes bonitos como “democracia”. Dissemos “não” a essa trilha disparate que não nos leva a lugar algum. Dissemos todos, finalmente, “ não”. À amputação da dignidade.


Dizem que os atos não dão em coisa alguma. Hostilizam. Manifestam-se a favor da acomodação e da total submissão à ordem – Ordem, essa, disciplinar e limitadora aos subjugados, para que no fim aconteça o Progresso aos subjugantes. Lastimo, mas não tomo a pílula do conformismo. Vomito, grito e digo “não”.  Não admito 20 centavos. Não admito truculência. Não admito que minha cidade – meu país, meu mundo – sejam aos poucos cenário do assassinato da humanidade.  



Av. Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, durante manifestação nesse 13 de junho. Foto de Rodrigo Mariano


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