quarta-feira, 12 de junho de 2013

Nesse dia dos namorados se dê de presente um pouco mais de amor próprio.

Ah, o dia dos namorados! A época mágica do ano em que as pessoas começam a ficar desesperadas pra arrumar uma companhia e a gente começa a ouvir de um monte de gente sem noção (especialmente depois de estar solteira já há algum tempo) que precisa logo “arranjar um namorado”. Vai chegando esse dia e a mídia (junto com os parentes chatos) intensifica seu marketing que nos diz como não podemos nos fazer felizes de maneira independente. Pois bem, é mentira. Ninguém é feliz sem amor próprio, por isso, vamos exercitar nosso amor nesse dia dos namorados.

Vivemos em uma sociedade em que somos ensinadas que a “modéstia” é mais importante do que o amor próprio. Somos ensinadas a não nos acharmos bonitas, inteligentes, atraentes, divertidas. Isso costuma a ser confundido com arrogância. Por outro lado, aprendemos a buscar ideais que não correspondem à realidade, mesmo que isso comprometa nossa saúde física e mental. Não nos enganemos: nós NUNCA vamos chegar lá. Sempre precisa melhorar alguma coisa. Ninguém DEVE chegar. Pessoas confiantes são pessoas empoderadas e é isso que não se espera que sejamos.

Então faço uma proposta para esse dia dos namorados. Se presenteie com uma análise minuciosa. Encontre cada coisa boa em você e se dê de presente esse reconhecimento. Seja seus olhos, se
u senso de humor, sua habilidade para cálculos. Procure tudo o que você ama em você e se ame um pouco mais. Precisamos reverter a lógica que nos inferioriza e nos confina à busca da perfeição.

E a busca à ‘outra metade da laranja’? Porque diabos eu tenho que ter uma ‘outra metade’? Sou um ser humano pleno, completo, não preciso de ninguém para isso. E se eu precisasse de alguém para me ‘completar’, por que teria que ser outra metade? Porque não outros ‘dois terços’ ou outros ‘quatro quintos’, ou em quantas partes eu queira dividir essa laranja que, afinal, é minha? Aprendemos que o amor é uma coisa exclusiva, não inclusiva. Mas se tem gente que não consegue ser feliz sozinha, tem quem, tampouco, pode ser feliz com uma pessoa só. Outra coisa esquisita: se é a metade da laranja, porque insistem que a metade da minha laranja tem que ser uma maçã? Quer dizer, inventamos o mito da naturalidade da heterossexualidade monogâmica e nos fechamos aos outros tipos de amor. E se ao invés de procurar outra metade de seja lá qual fruta você prefira, eu quiser encontrar outra fruta, completa, para conhecer e me encantar? Afinal, o que vale é o amor, a honestidade e o companheirismo, certo? Então o resto vai se ajeitando.

Outra mentira que vendem para a gente no dia dos namorados é que qualquer relacionamento é melhor do que nenhum. Não, não mesmo! Por isso um recado para quem está em um relacionamento: olhe para a pessoa com quem você está e se pergunte por que ela te faz bem. Se a resposta não vier imediatamente à sua cabeça, fuja! Que o dia dos namorados não seja o dia dos relacionamentos abusivos. Se precisar de força, busque em você e lembre-se de nunca amar ninguém mais do que a você mesma. Nunca entendi essa história de que “amor dói”. Amor é a melhor coisa do mundo, o que dói é a falta de amor. Quem ama não machuca. Busque sua voz e saia de uma relação que te faz mal. Não tenha medo!

Quando eu falo de se amar, é se amar por completo. Por isso, se toque. Se masturbe, sinta prazer sozinha. Você pode se surpreender com o quanto você é boa de cama! Na nossa criação machista os garotos recebem pornografia de seus pais e irmãos quando ainda são meras crianças, enquanto mulheres, mesmo adultas, são ensinadas que não devem ter prazer do próprio corpo. É uma verdadeira terceirização do orgasmo. Já ouvi por aí que mulher que se masturba é porque não tem ninguém, é má amada. Mas, na verdade, mulher que conhece o próprio corpo é muito mais bem amada. Nada como saber o que te dá prazer para sentir mais prazer (óbvio!), mesmo a dois. Isso porque o outro nunca vai conseguir te conhecer tão bem quanto você, por isso uma ajudinha muitas vezes cai muito bem! Além disso, sou da teoria que muito melhor um tesão independente a um tesão indiferente. Isso porque a indiferença é gelada, afasta parceiros na cama. Não dá pra ter prazer indiferentemente do prazer de quem está com você. Mas isso não significa depender do prazer do outro. O tesão independente de indiferente não tem nada. Na verdade, ele requer uma plena consciência do seu corpo, do seu prazer. É a delícia de conhecer seus próprios estímulos.


Então, se namore mais. Nesse dia dos namorados já me dei uma caixa de bombons (porque comer me deixa feliz mesmo ouvindo que tenho que tomar cuidado para não engordar), para me lembrar que minha melhor companhia sou eu.

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