sábado, 14 de abril de 2012

Vamos falar com som e fúria

Machismo, androcentrismo, misoginia. Para alguns é só exagero. Mas acredito que são conceitos importantes de esclarecimento. A misoginia é o ódio ou desprezo ao feminino; androcentrismo é a noção de que as experiências masculinas são universais, como por exemplo, a palavra homem ser sinônimo de toda a humanidade. Patriarcalismo é a característica principal de muitas sociedades, a idéia do homem como dirigente da vida familiar, centro das decisões e verdades.

Pois bem, não sei como convencer machistas, androcêntricos e misóginos a mudar de idéia. E isso me desespera, deveria te desesperar também. Frustração é palavra de ordem, mas não quero desistir de falar, de ser chata.

Estava “marcado” para ontem um atentado à UnB, não se tem certeza se são apenas boatos de terror, mas a suspeita é relacionada à prisão de duas criaturas, há vinte dias, por incitar e divulgar o ódio à mulheres, negros, nordestinos, gays e judeus (ou seja, boa parte da população mundial) pela internet. Essas pessoas alimentam blogs racistas e misóginos, participam de comunidades que ensinam como realizar “estupros corretivos em lésbicas”, como matar negros e nordestinos sem deixar pistas e afins. E um dos “líderes” foi estudante da UnB por um tempo e estava planejando atacar principalmente os alunos de Ciências Sociais.


O Chatas nasceu para falar sobreas mulheres, mas acredito que a idéia de falar se deve ao que vemos de errado, injusto, cruel e incompreensível. Nada mais coerente que denunciar toda e qualquer forma de discriminação.

Em Julho do ano passado o programa da Rede Record “Domingo Espetacular” veiculou uma reportagem sobre um grupo neonazista que tentou matar moradores de rua, vale a pena assistir.



Comovente e intrigante o depoimento da mãe de um deles. Mostra uma outra face do ódio, que é justamente sobre o que quero falar. Como ajudar essas pessoas? Como ensiná-las a ver a diferença de um modo diferente? Como é que eu explico a quem odeia os negros que eles são perfeitamente iguais a todas as outras pessoas? E que os homossexuais trazem ao mundo mais uma forma de amor; que a humanidade se reorganiza, dando mais espaço às mulheres e que isso é admirável, e não amedrontador?

Normalmente julgamos os preconceituosos, excluímo-los de qualquer chancede “reabilitação”. Não acreditamos no arrependimento e perdão porque dificilmente os encontramos. Você conhece um ex-agressor ou ex-machista? Eu não conheço. E isso me parece assustador, desesperante.

Ler o blog de Silvio Koerich, me deixou de estômago embrulhado, mas não com medo. Eu ainda acredito, não sei bem no quê, mas acredito. Respondo à todo o ódio disseminado com o poema de Marta Medeiros:

"Meus olhos arregalados não piscam pra qualquer um, nem fecham pra qualquer medo"

Lembrei de um programa da Oprah de 2009, em comemoração ao cinqüenta anos dos Freedom Riders, o grupo de ativistas que viajou os EUA em ônibus; eram negros e brancos juntos, por igualdade racial. No percurso muitos foram agredidos, apedrejados, incendiados, na tentativa de parar a viagem. E meio século depois, agressor, agredido e um pedido de desculpas sem encontram.





Naquela manhã eu chorei mais que o costume, a esperança me comove, é uma força que cresce e carrega, eleva. Então, caros leitores, gostaria de deixar aqui um pedido, compartilhem a esperança. Indignem-se, não se calem, vamos falar, com som e fúria.

E já deixo o lembrete, dia 21 de Abril, daqui a uma semana, a Marcha Nacional contra a Corrupção, acontecerá na maior parte das capitais. Vamos às ruas!

2 comentários:

  1. Conheci agora o blog e estou adorando.
    Bom texto. Parabéns!!

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  2. Obrigada, Nayra! Espero que você continue gostando e acompanhando! ;)

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