terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mulheres de Sandro Botticelli

Um dos pintores de maior nome no Renascimento Italiano, Botticelli chama atenção pelo modo de retratar as mulheres, as santas, a deusas e a ninfas, mostrando o ideal de beleza de sua época.

Retrato de Beleza Ideal (Simonetta Vespucci), 1480
Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, conhecido como Sandro Botticelli, nasce em 1º de março de 1445 em Florença. Não tinha como ser em outro lugar. Berço do renascimento cultural e de pintores como Donatello, a cidade também fora cenário de obras de grandes nomes da História da Arte, como Michelangelo, Leonardo Da Vinci, Giotto, e outros.

O autor de obras consagradas como Nascimento de Vênus e A Primavera quase é iniciado pelo pai na prática mercantil e toma outro rumo profissional, não fosse a enorme obstinação em seguir carreira artística. Por volta de 1460 frequenta a oficina do frade Filippo Lippi, mestre requisitado no ramo em Florença.

As duas obras (Nascimento de Vênus e A Primavera) retomam a cultura greco-romana - assim como a Pintura da Renascença e o próprio Botticelli faziam a todo tempo - com deuses, ninfas e lendas com traços alegóricos. A beleza feminina em ambas é uma beleza sutil e inocente, principalmente na Vênus em sua concha, com seus traços físicos que nos remetem à adolescência.



Nascimento de Vênus, 1483-1484

A Primavera, 1477-1478

Botticelli dedicou boa parte de sua vida a fazer retratos encomendados por grandes famílias florentinas, e tinha o apoio fundamental da família governante como compradora de obras, já que Florença era uma cidade com grandes oficinas e artistas que competiam pelas encomendas de arte mais importantes.

Havia, naquela época, o hábito de presentear casais e noivos com encomendas de arte nupciais. A Primavera, Palas e o Centauro (que simboliza a pacífica primazia da razão sobre os sentidos) e A fuga de Nastagio, são exemplos de grandes obras pensadas e elaboradas com esse fim. É curioso imaginar que A fuga de Nastagio foi designada à cabeceira de um leito nupcial, contando a sanguinolenta história de Nastagio em uma série de quatro obras, enredo esse em que o cavaleiro que se vinga da moça que o recusou tirando suas tripas e coração e os jogando aos cachorros. Serviria esse mito como um exemplo às esposas da trágica consequência de não obedecer às regras da vida conjugal? 

A Fuga de Nastagio, 1483

Palas e o Centauro, 1482
Vênus e Marte, 1483-1484

A imagem feminina retratada por Botticelli não pode ser dissociada da característica de "ser divino", já que essa é uma temática de presença marcante em suas obras. Das lendas romanas até as imagens de Madona, cristãs, a mulher é sempre retratada como parte de um ideal espiritual e "santificada". Nesse sentido, as mulheres de Botticelli não são de carne e osso, como por exemplo em Egon Schiele, mais de quatro séculos depois. São mulheres idealizadas e estáticas em sua perfeição.

Madona da Romã, 1487

Madona do Magnificat, 1482-1483


Nota: Esse é o último texto da série (para ler todos clique no filtro dos meus textos que eles estarão lá).

Mas não se preocupem, daqui a duas semanas temos mais uma estréia ligada a Artes Visuais no Chatas de Atenas... Aguardem!

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