Um dos pintores de maior nome no Renascimento Italiano, Botticelli chama atenção pelo modo de retratar as mulheres, as santas, a deusas e a ninfas, mostrando o ideal de beleza de sua época.
Retrato de Beleza Ideal (Simonetta Vespucci), 1480 |
Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, conhecido como Sandro Botticelli, nasce em 1º de março de 1445 em Florença. Não tinha como ser em outro lugar. Berço do renascimento cultural e de pintores como Donatello, a cidade também fora cenário de obras de grandes nomes da História da Arte, como Michelangelo, Leonardo Da Vinci, Giotto, e outros.
O autor de obras consagradas como Nascimento de Vênus e A Primavera quase é iniciado pelo pai na prática mercantil e toma outro rumo profissional, não fosse a enorme obstinação em seguir carreira artística. Por volta de 1460 frequenta a oficina do frade Filippo Lippi, mestre requisitado no ramo em Florença.
As duas obras (Nascimento de Vênus e A Primavera) retomam a cultura greco-romana - assim como a Pintura da Renascença e o próprio Botticelli faziam a todo tempo - com deuses, ninfas e lendas com traços alegóricos. A beleza feminina em ambas é uma beleza sutil e inocente, principalmente na Vênus em sua concha, com seus traços físicos que nos remetem à adolescência.
Nascimento de Vênus, 1483-1484 |
A Primavera, 1477-1478 |
Botticelli dedicou boa parte de sua vida a fazer retratos encomendados por grandes famílias florentinas, e tinha o apoio fundamental da família governante como compradora de obras, já que Florença era uma cidade com grandes oficinas e artistas que competiam pelas encomendas de arte mais importantes.
Havia, naquela época, o hábito de presentear casais e noivos com encomendas de arte nupciais. A Primavera, Palas e o Centauro (que simboliza a pacífica primazia da razão sobre os sentidos) e A fuga de Nastagio, são exemplos de grandes obras pensadas e elaboradas com esse fim. É curioso imaginar que A fuga de Nastagio foi designada à cabeceira de um leito nupcial, contando a sanguinolenta história de Nastagio em uma série de quatro obras, enredo esse em que o cavaleiro que se vinga da moça que o recusou tirando suas tripas e coração e os jogando aos cachorros. Serviria esse mito como um exemplo às esposas da trágica consequência de não obedecer às regras da vida conjugal?
A Fuga de Nastagio, 1483 |
Palas e o Centauro, 1482 |
Vênus e Marte, 1483-1484 |
A imagem feminina retratada por Botticelli não pode ser dissociada da característica de "ser divino", já que essa é uma temática de presença marcante em suas obras. Das lendas romanas até as imagens de Madona, cristãs, a mulher é sempre retratada como parte de um ideal espiritual e "santificada". Nesse sentido, as mulheres de Botticelli não são de carne e osso, como por exemplo em Egon Schiele, mais de quatro séculos depois. São mulheres idealizadas e estáticas em sua perfeição.
Madona da Romã, 1487 |
Madona do Magnificat, 1482-1483 |
Nota: Esse é o último texto da série (para ler todos clique no filtro dos meus textos que eles estarão lá).
Mas não se preocupem, daqui a duas semanas temos mais uma estréia ligada a Artes Visuais no Chatas de Atenas... Aguardem!
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