Uma princesa, um empecilho, um
vilão, o príncipe encantado e o amor verdadeiro, final com “felizes para sempre”,
magia. Eis os temperos de qualquer conto de fadas, antes somente livros, mas
hoje transformados em filmes que vendem, e muito.
A Disney eternizou grande parte
das histórias infantis, tornando-as clássicos do cinema e marcando a memória de
milhões de crianças. Mas também fomentou críticas e mais críticas sobre como
seus filmes e contos reproduziam uma sociedade patriarcal e opressora que
limita a felicidade feminina, cumprir seu papel de donzela e ser salva por um
príncipe. De fato, a Disney ajudou na construção do imaginário popular do que
deve ser um romance, de como a mulher deve ser singela e doce e o homem, corajoso
e destemido; mas teoria da conspiração também não cabe aqui, caros leitores. Se
houve lucro com essas histórias é
porque as pessoas queriam comprar essas
histórias.
E nesse raciocínio de que nas
telas se reproduzem os desejos de quem compra, não somente isso, é claro;
podemos recordar das personagens da Disney nos últimos anos. Eu fui criança no
final dos anos noventa e começo do século XXI e minhas princesas favoritas eram
Mulan e Anastasia, nada de Branca de Neve (bobinha, bobinha, dormiu não sei
quanto tempo para ser acordada) ou Cinderela (que o príncipe não soube
reconhecer o rosto, por isso calçou o bendito sapato em não sei quantas). E
devo dizer que devo muito a elas.
Desde o lançamento de Mulan em 1998 (no qual a moiçola se faz
passar de homem para ir à guerra no lugar de seu pai e assim salva a China dos
Hunos, mas também encontra o amor num general do exército) a companhia fundada
por Walt Disney vem apresentando personagens não tão convencionais. Acredito
que é porque as mulheres já não são tão convencionais para engolir qualquer
história. Temos Tiana, de A princesa e o
sapo, que não é princesa,não é branca de olhos claros, sonha em abrir o
próprio restaurante e trabalha duro para isso. Temos Alice, que na versão de
Tim Burton de Alice no país das
maravilhas volta à terra maravilhosa na fuga de um casamento indesejado, numa
viagem de autoconhecimento. E Enrolados, no
qual uma Rapunzel muito teimosa deseja conhecer o mundo, maravilhar-se com ele.
O que há em comum entre essas heroínas é que elas não são salvas por ninguém,
porque na verdade elas não precisam.
E nessa mesma linha é que Valente nasce, presenteando as crianças com
uma história de coragem, um conto de fadas que não termina em romance. Merida,
princesa das Terras Altas da Escócia, decide brigar por sua própria mão (que
foi posta a prêmio num torneio entre os clãs de seu reino). A cena na qual ela
se declara disposta a lutar por si mesma é algo muito belo. É só um filme, eu
sei, é só um filme da Disney; mas fiquei arrepiada, e não tenho vergonha em
dizer.
É claro que o romance e o amor fazem
parte da vida de uma mulher, fazem parte da vida de qualquer ser humano, o que
eu sempre quis e vejo agora nesse filme é a liberdade de escolher e não a ideia
de que só nos resta isso. Feministas não são criaturas amargas que odeiam os
homens, nada disso, nós só queremos ter a escolha de um ou de outro ou até dos
dois (porque é possível, há feministas casadas e felizes com suas famílias que
também trabalham e são independentes, juro). E ver Merida nas telas me fez
acreditar que o futuro das meninas que eu vejo hoje é exatamente esse, l i b e r d a d e.
Aqui links de outros textos sobre Valente ou contos de fadas, vale a pena se aprofundar!
Ativismo no Sofá | Escreva Lola Escreva | Sociological Images
Aqui links de outros textos sobre Valente ou contos de fadas, vale a pena se aprofundar!
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